Nietzsche, em 1889, quando viu diante de si um cocheiro espancando um cavalo com um chicote, se aproximou do eqüino abraçou-lhe o pescoço, e sob o olhar do cocheiro, explodiu em soluços. Na verdade, Nietzsche estava se distanciando dos homens, pedindo perdão por Descartes.Para entrar no reino encantado do mundo animal é preciso “ler”, através dos olhos de um cão, um gato ou cavalo, para verificar que demonstram paz no meio onde muitos se sentem insatisfeitos e infelizes, autênticos consumidores de barbitúricos e de diazepans. Basta o convívio diário com os bichinhos para perceber que possuem reações inesperadas, pois planejam, enganam e revelam pensamentos, que vão além do instinto básico, sugerindo consciência, emoção e amor, coisas raras nos dias de hoje.Acariciar cães, gatinhos e andar a cavalo é agradável e descansa o espírito. Ajuda a desenvolver o lado emocional, fazendo com que as pessoas ansiosas, insensíveis, arredias ou agressivas interajam mais com o próximo. A docilidade natural dos animais domesticados favorece as atividades de cunho emocional, servindo, até, de um modelo pedagógico para ajudar no aprendizado de crianças especiais. Porém, o animal é reflexo de seu dono. Um amigo meu, cientista reconhecido internacionalmente, diz que quem não gosta de animais bom sujeito não é. Mas ninguém é obrigado a gostar, mas, sim, respeitar. Muitos adotam um animal e depois abandonam-no.Para Milan Kundera, em “Insustentável Leveza do Ser”, 1983, os cães são o nosso elo com o paraíso. Eles não conhecem a maldade, a inveja ou o descontentamento. Sentar-se com um cão ao pé de uma colina numa linda tarde, é voltar ao Éden onde ficar sem fazer nada não era tédio, era paz! No Egito antigo o gato era considerado criatura divina, enquanto que aqui é maltratado, discriminado e rotulado de ladrão
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